São Paulo – O relatório Frutas Doces, Vidas Amargas, divulgado pela Oxfam Brasil no início de outubro, escancarou a desigualdade de renda e as péssimas condições laborais a que estão submetidos mulheres e homens que trabalham como safristas nas fazendas de melão, uva e manga no Rio Grande do Norte e no perímetro irrigado do Vale do São Francisco –municípios de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA).
Segundo a pesquisa, estes trabalhadores estão entre os 20% mais pobres da população brasileira, com renda mensal média de R$ 680. São contratados de forma intermitente por períodos que podem variar entre 30 dias a seis meses, durante o período de colheitas. A maioria tem nesse tipo de ocupação a única fonte de renda durante todo o ano.
O diretor-técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, alerta para a “situação de trabalho degradante”. À jornalista Marilu Cabañas, no Jornal Brasil Atual desta quarta(23) ele destacou que esses trabalhadores temporários ainda estão expostos à contaminação por agrotóxicos e, muitas vezes, atuam em ambientes sem acesso a banheiros e refeitórios. Ele se somou aos esforços da campanha da Oxfam para que as grandes redes de supermercados do Brasil – Carrefour, Pão de Açúcar e Big (ex-WalMart) –, que são os principais compradores desses produtos, assumam suas responsabilidades pela situação desses trabalhadores.
“Tanto as empresas, especialmente na ponta, no caso os supermercados, como os exportadores dessas frutas têm a responsabilidade de ir junto ao produtor para observar as condições em que essas frutas são produzidas, verificando as condições de trabalho, as condições ambientais”, destacou o diretor do Dieese.
Ele também destacou o papel dos sindicatos “no sentido de constituir capacidade organizativa dos trabalhadores para a proteção laboral”, na luta pelos direitos dessa categoria. Clemente cobrou também o poder público que desenvolva políticas de incremento da atividade econômica nessas regiões, para que essas pessoas encontrem ocupações alternativas e dignas, principalmente no período de entressafra.
Fonte:https://www.redebrasilatual.com.br/trabalho/2019/10/dieese-cobra-supermercados-por-aceitar-frutas-produzidas-em-condicoes-degradantes-no-nordeste/
Comments